25 agosto 2017

liberdade de expressão

Amanhã vai haver uma manifestação de white supremacists em San Francisco. Estou a pensar que tenho de participar na antimanifestação, e estou a morrer de medo do que possa acontecer. Em Charlottesville mostraram até onde são capazes de ir para defender a sua estratégia de conquista de poder.
(Lembram-se daquela anedota do "primeiro aviso"? É aí que estamos.)

Quanto mais olho para o nosso tempo, melhor entendo como foi possível pessoas normais terem deixado o III Reich instalar-se.

Li no San Francisco Chronicle entrevistas a moradores da área de Crissy Field, onde vai decorrer a manifestação dos neonazis. As respostas põem a tónica nos direitos individuais de quem vê a sua vida alterada devido à manifestação. Frases como "por causa de gente que defende este tipo de valores, não posso fazer o meu jogging matinal" ou "não posso passear o cão" ou "as lojas vão estar todas fechadas". Na Alemanha seria mais "é inadmissível que gente que defende este tipo de valores possa fazer uma manifestação" (ou, como diz a minha filha, "não podemos deixar que esta merda castanha volte a ocupar as ruas alemãs") (castanho era a cor associada aos nazis).

Da próxima vez que me falarem das "imposições ideológicas de carácter estalinista" que alegadamente estão em curso na Europa, vou lembrar-me disto: um país onde a liberdade de expressão permite que os neonazis saiam à rua, um povo que não tem uma matriz de valores comum à qual recorrer para analisar, criticar e impedir o que está em curso.

Tudo o que existe é válido e livre de acontecer. A História nunca existiu, e os países não têm de aprender com ela.


1 comentário:

Filipa disse...

Foi cancelada :)!

Eles não compreendem o que é liberdade de expressão nem são congruentes com o que consideram ser liberdade de expressão.

Se a Helena tiver tempo e disponibilidade, é passar na página Feminist Frequency. É um exemplo de como os trumpistas usam a sua e respeitam a liberdade de expressão dos outros.