11 abril 2012

podia ter escolhido ser gay, mas em vez disso optou por envergonhar a família desta maneira

Finalmente percebi porque é que o José António Saraiva escreve aqueles textos inacreditáveis: só pode ser para se demarcar da família. Ele próprio explica muito bem aqui como é que os jovens são vítimas desse fenómeno. Espero a próxima crónica, onde ele explicará porque é que, no seu caso, o fenómeno subsiste numa idade tão tardia.

Cá para nós: tenho alguma pena dos adultos da família dele. Pois se para os contestar podia ter escolhido ser contra a guerra colonial, a tortura nas prisões da PIDE, a censura nos jornais, se podia andar de cabelo comprido, ou até decidir ser gay, afinal foi-se lembrar de os provocar publicando textos de brilhante retórica como este autêntico "todos os índios andam em fila indiana, pelo menos o que eu vi naquele elevador acho que andava"?!
Isto não se faz a ninguém, e muito menos à família que tanto nos ama.

Muito haveria ainda para brincar sobre esta crónica, mas prefiro dizer apenas algo fundamental, a propósito da frase: "O que se passa é que os gays têm cada vez menos receio de se assumirem, cada vez menos receio de revelarem as suas inclinações, tendo orgulho (e não vergonha) de serem como são."

Não é orgulho de serem como são, é orgulho de terem a coragem de se assumir como são. De terem a coragem de assumir algo que ainda há poucas décadas era motivo de prisão (e até tortura e morte) e inúmeras humilhações sustentadas pela própria Lei. Falar do orgulho deles é falar do opróbrio que sobre nós recai, por lhes termos infligido essas terríveis e continuadas ofensas à sua integridade física e psíquica. 

Pode ser que eu esteja demasiado a leste, mas não tenho notícia de alguma vez em Portugal se ter pedido publicamente desculpa aos homossexuais pelas perseguições e humilhações que lhes foram e lhes são ainda feitas. Como se a nossa sociedade ainda não se tivesse dado conta do modo preconceituoso, ignorante, vergonhoso e indigno como trata essas pessoas.
Começa a ser tempo.

5 comentários:

Anónimo disse...

E mai nada.

Interessada disse...

Para pedir desculpa é necessário que se tome consciência de um erro, e sabemos que ainda nem todos o assumem.
O José António Saraiva merece assim tanta linha?

Helena Araújo disse...

O José António Saraiva, não.
Mas os homossexuais, que ele persegue com as suas falinhas mansas, merecem.

Titanices disse...

Boa! Helena estou contigo, o que importa não é denegrir o Sr. José António Saraiva que, coitado nem sabe o que diz ou pensa, é defender quem ele persegue de uma forma tão baixa!!!

Helena Araújo disse...

Titanices: também estou contigo!
(parece-me que temos aqui um consenso)
;-)